No rústico acampamento no interior da floresta de Glaucoviren, um homem de pele ligeiramente queimada, pelo sol, um cabelo muito claro que lhe caía em ondas pelas costas largas e olhos de um azul quase transparente, chegava montado em uma imensa fera de escamas esverdeadas.
— Esses cores negros detestáveis! — dizia Oran enquanto desmontava de seu dragão — Como descobriram nossos planos?
— Enquanto vocês estiveram fora houve um confronto na parte norte da floresta — informa uma domadora rapidamente.
— Quem foram os responsáveis?
— Acreditamos se tratar de um ou mais guerreiros — continua relatando a mulher — Os sobreviventes ao ataque disseram estar caçando uma jovem de core azul quando foram surpreendidos. Disseram ter visto uma forte luz vermelha quando foram atacados.
— Cores rubros... Sempre se metendo aonde não foram chamados!
— Oran, que bom que retornaste...
— Shaman — o core verde se aproxima de um senhor de idade chamado Randall, o shaman dos domadores.
"Mas o que eles queriam afinal de contas?" — pensava o líder dos core verde, enquanto o velho shaman o conduzia ao interior de sua tenda.
Oran não podia disfarçar a irritação que estava sentindo, principalmente depois de ter seus planos frustrados pelos não menos odiáveis core negros, e por isso a princípio pareceu não prestar atenção no que o velho homem lhe dizia.
— Está tudo bem, meu filho, parece um tanto perdido em seus pensamento?
— Só estou um pouco preocupado, as coisas não tem saído exatamente como eu planejava! — desabafa o domador.
O Shaman que conhecia Oran desde muito antes dele se tornar o poderoso domador que era hoje, colocou as mãos sobre os ombros cansados do rapaz.
— Ser o líder de nosso povo lhe pesa demais nos ombros, não é meu rapaz?
— Eu não posso me dar ao luxo de sentir cansaço, o destino de nosso povo está em minhas mãos!
— Um destino que você não queria, se lembro bem! — diz o velho se recordando de quando o pai de Oran havia morrido pelas mãos do core negro Venon, deixando cicatrizes horríveis no rosto do seu inimigo e a responsabilidade do clã, nos ombros de um menino.
— O que eu não queria é que meu pai tivesse morrido tão cedo! Venon ainda vai pagar por isso!
— Sabe que quanto mais você pensa em se vingar mais isso o aproxima de seu destino!
Oran se levanta, nada satisfeito em ser lembrado da profecia de seu nascimento.
— Oran de Glaucoviren não teme tolas profecias de nascimento!
— Devia ao menos dar mais crédito ao que elas dizem. Cada domador que vi morrer nessas florestas morreu marcado por uma dessas profecias, incluindo seu pai!
Oran ainda olhou uma vez para trás, antes de deixar a tenda enfumaçada do shaman, e por um breve instante pensou na mulher de cabelos e olhos de prata pela qual ele morreria.
Horas depois os magos que haviam lutado chegavam em casa. Um mago bem jovem corre até a entrada da fortaleza negra.
— Tão poucos retornaram... — diz o jovem core negro, parado próximo aos grandes portões.
— Onde está Vega? — pergunta aflita uma mulher idosa.
— Foi atrás de Samyra que se perdeu de nós.
A senhora leva as mãos à sua boca enquanto Venon continuava a caminhar em busca de algum lugar onde pudesse descansar. Não andou sem ouvir o nome de Vega ainda diversas vezes.
— Venon, qual deverá ser nosso próximo passo?"
— Não pergunte isso à mim. Espere que Vega retorne com Samyra. Ela se quiser lhe dará respostas."
Dias haviam se passado em que Vega não havia dado sinais de retorno. Não era a primeira vez que a core negro saia sozinha de Fuscienn, mas era a primeira que havia entrado assim em Glaucoviren e a primeira também a estar atrás de alguém.
Venon estava tranquilo pois achava que a qualquer momento a maga retornaria trazendo uma chorosa Samyra seguindo seus passos. Mas o que o core negro não sabia é que talvez dessa vez fosse um pouco diferente...
Na fronteira entre Carnelian e Glaucoviren entre as últimas árvores da floresta e onde uma vegetação mais rasteira já começava a dominar, uma extensa planície verde podia ser vista.
A fome já era sua companheira, a sede também. A maga de core azul era levada como prisioneira e quanto mais o tempo passava mais ficava fraca para tentar fugir. Suas feridas não haviam recebido um devido tratamento, o que também lhe drenava sua energia. Quais seriam os planos dos core rubros? Sua cabeça de tão cansada não mais conseguia pensar sobre isso.
E agora cada vez mais longe estava a fortaleza de Fuscienn para si
— Já esteve alguma vez nas planícies de Carnelian, maga? — diz o guerreiro retirando bruscamente a venda que cobria os olhos de Samyra, montada no grande garanhão negro, com as mãos presas a frente do corpo e tendo ele às suas costas.
Jamais tinha visto algo tão lindo, toda aquela imensidão verde, em contraste com o céu tão azul e as nuvens brancas que pareciam quase tocar a vegetação
Mas ela não respondeu ao core rubro, ainda estava amordaçada.
— Mesmo com toda a magia e o poder que vocês magos possuem ainda não podem superar a beleza de algo assim!
Ele deu um pequeno toque com o pé no flanco do animal e ele prosseguiu, logo chegariam à cidade e ele poderia se livrar dela de uma vez.
O guerreiro finalmente está de volta ao seu clã, na cidade de Carnelian, apesar de já não considerar aquela cidade de pedra, cercada por suas muralhas, como seu lar. Enquanto andava ele trazia Samyra amarrada com uma corda, ela estava praticamente sendo arrastada sendo que não lhe restava mais muita energia. Seu vestido por sua vez, outrora majestoso perdera seu brilho, estava sujo e rasgado deixando visível aos olhares cobiçosos de alguns guerreiros, sua pele alvíssima.
O guerreiro não entra despercebido, enquanto caminhava imponente por entre os muros da cidade, escutava vários comentários.
— Lucian retornou...
— Parece que trouxe uma prisioneira!
Guerreiros se aproximavam curiosos e foi no meio desses que um homem experiente com uma lança presa às costas reconheceu Samyra.
— Esse core... Eu já ouvi falar de uma maga que possuía um core assim... Ela é uma das poderosas irmãs discípulas de Venon!
— De Venon?!
— Sim, não há dúvida! É Samyra, irmã de Vega!
Ao ouvirem o nome de Vega, alguns se assustam, esse nome significava destruição e morte. Muitos guerreiros foram facilmente subjugados e assassinados por ela.
Ouvindo isso um guerreiro que usava uma capa e alguns brasões presos à sua brilhante armadura chamado Oringo, se faz ouvir em meio à balbúrdia da multidão que começava a se formar.
— Pelo que vejo, essa maga é muito valiosa. Bom trabalho Lucian, agora deixe que eu cuide disso.
— Não — diz Lucian com sua voz profunda sem interromper os passos — Eu a encontrei... Ela pode ser Samyra, ou até a própria Vega. Já tenho meus planos...
— Lucian, não se atreva a...!
— Não se atreva a que? Estamos na mesma posição agora!
Lucian que havia parado apenas para encarar os olhos de Oringo continua seu caminho, em direção a prisão da cidade. Este tentava constantemente provar ser superior àquele. Mas Lucian não aceitaria ordens.
As pessoas começavam a deixar o local para continuar suas vidas, aprendizes voltavam a treinar sob os olhares atentos de seus mestres, crianças voltavam a correr pela cidade e uma parte voltava a cozinhar e a cuidar de suas casas. Muitas pessoas ainda sim não podiam deixar de se preocupar, afinal com esta maga em seu território Vega ficava instantaneamente próxima demais.
Oringo com suas mãos às costas permanece observando calmamente Lucian levando a maga. Aproxima-se então Raynor, que formava junto com Oringo e Lucian a maior patente dos guerreiros de Carnelian, os generais. Ele também possuía alguns brasões em sua armadura e uma capa, era mais alto e mais magro que Oringo.
— Não deveríamos ter dado esse posto a Lucian, ele não passa de um servo afinal... — diz o general com sua capa a tremeluzir.
— Deixe estar Raynor — diz Oringo olhando agora fixamente para o nada em sua frente — O servo terá o que merece...
Lucian adentra uma enorme construção e desce vários lances de escada. O guerreiro atinge as prisões de Carnelian. Ele entra com Samyra em uma, um lugar frio feito esculpido em pedras escuras. Ele a empurra até a parede, troca as amarras de seus pulsos por correntes, e estreita mais o tecido que a impedia de falar, afinal, um mago precisava ter suas mãos presas e sua boca silenciada para não causar problemas, um descuido, portanto, poderia ser fatal. Porém para Samyra não restava mais muita força para se mexer, como apontava seu core, que brilhava de forma fraca, deste modo nem luta contra as novas amarras. Em seguida o guerreiro, recolhe a chave da prisão para si.
— Esse será seu novo lar, maga. — diz antes de sair
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Um comentário:
Malvadaaaaaaaaaaaaaaassssssssssssssssssssssssss!!! Eu quero mais. Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Esperava que esse Lucian fosse bonzinho, mas ao que parece não é não. Onde já se viu tratar uma pessoa assim? Principalmente a uma garota.
Bom agora é só esperar e torcer pra que ele receba o que merece.
Um aviso, atualizem logo antes que eu tenha uma síncope aqui. Vocês não vão permitir que isso aconteça com a maninha des vocês né? XD
Ta muito bom mesmo, e vou ficar esperando ansiosa o 4º capitulo.
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