quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Albina Genma - Capítulo 1


Há muito tempo atrás, numa terra além das fronteiras da nossa própria realidade, houve uma longa guerra.

Como todas as guerras sua única e grande motivação era a busca incessante por poder.

No continente de Terah descansava há muitos séculos, sob a vigilância constante dos clérigos de Alban uma jóia branca, que reunia o poder de todas as jóias naquele mundo, pedras conhecidas como cores. Por isso quem conquistasse essa jóia, seria capaz até mesmo de se tornar um deus.

Mas os cores eram muito mais do que jóias mágicas, eles eram também o coração de cada homem, mulher ou criança que vivia em cada um dos clãs do continente de Terah.

Nessa guerra centenária, três grandes clãs se destacavam, e cada um era formado por distintas classes de pessoas.

Os poderosos magos de Fuscienn, o mais forte clã de Terah, mas também o menos numeroso. No peito de cada mago, brilhava uma única jóia, negra como a noite que lhes concedia o dom de criar e transformar a realidade, rompendo todas as leis físicas e os limites do tempo e espaço.

Os guerreiros de Carnelian tão fortes, velozes, munidos de suas armas ou apenas de seus punhos onde usavam metade de uma jóia vermelha como o sangue derramado nas batalhas, cuja outra metade também brilhava no lugar de um coração de carne.

Os domadores ou homens fera eram o povo que vinha do clã Glaucovirem. Nunca andavam sozinhos, pois ao lado de cada domador sempre havia uma fera poderosa, totalmente submissa a vontade de seu senhor. Assim como os guerreiros de Carnelian também usavam metades de seus cores em seus corações, a outra metade brilhava num tom verde muito escuro entre os olhos das bestas que os serviam.

Inimigos mortais eram esses clãs, pois a ambição de conseguir para si a pedra branca, os impedia de ver a verdadeira essência do poder que buscavam... Mas algo estava para acontecer, que nem mesmo o poder dos magos em suas adivinhações tinha sido capazes de prever, e um poder maior do que o ódio passou a mover as peças nesse jogo.

Passos ecoavam em um salão de chão de mármore. Seu dono era uma maga, ela possuía os cabelos curtos, púrpuros de um tom escuro e usava um sobretudo negro. Por onde passava atraia olhares, quer fosse por sua imponência ou pelo seu poder.
Há poucos minutos dali em um calabouço estava sua irmã, uma maga de cabelos vermelhos pela metade das costas que usava um belo vestido negro, seu nível de sincronia mágico estava para ser avaliado neste momento. Esta analise era feita quando o mago atingia a idade conhecida como adulta (vinte e um anos) e consistia em entoar uma magia para o atual ancião do clã. Quanto mais alto fosse o nível, mais forte era considerado o mago. A moça se prepara, ela fecha seus olhos e pronuncia em baixo volume algumas palavras, ergue sua mão direita até a altura de seu pescoço e aponta sua palma para frente, ela abre os olhos... A poucos metros da maga surgem poderosos cristais de energia que atacariam seu inimigo. O ancião observava a tudo atentamente.



— Parabéns Samyra! Eu diria que você é a segunda maior força em nosso clã!



— Com esse seu core azul você não iria conseguir muito mesmo... — a irmã mais velha havia chegado, como sempre, na hora certa, estava parada na abertura do local com os braços cruzados.



— Vega?



— Sim... Quem mais poderia ser? Agora que você possui idade para ser enviada à guerra deve receber instruções. Encontre-me em breve no salão principal! — Vega deixa o local a passos largos, seus passos voltariam pouco tempo depois a ecoar no salão de mármore.



— Parabéns minha jovem... — dizia o ancião — Mas o que sua irmã disse também é verdade. Um core com uma coloração tão incomum... Algo pode estar errado!



— Não creio que nada esteja errado comigo — Samyra diz sorrindo — Vou procurar meu mestre para lhe contar minha marca!



A maga deixa o recinto e deixa também um ancião ligeiramente preocupado.

Não muito longe dali, próximo a um dos muitos jardins artificiais que tornavam mais suave o aspecto frio e escuro da fortaleza negra onde viviam os membros do mais poderoso clã, Fuscienn, um homem já de certa idade, mas ainda demonstrando grande vigor físico e mental, observava o nada. Seu rosto marcado por cicatrizes estava visivelmente preocupado. Ele percebe sua pupila mais nova a se aproximar.



— Samyra!



— Ainda me assusta quando faz isso!



A jovem de longos cabelos vermelhos sentou-se ao lado dele e esperou.



— E então não vai dizer-me como foi?



— Disseram-me que sou a segunda pessoa mais forte em nosso clã...



— Muito bom...



— Eu estou feliz e satisfeita com minha marca, mas ainda assim não sei se apenas isso será suficiente, ainda falta muito para que alcance minha irmã, mestre.



O homem encarou então a moça, enquanto ela afastava as longas madeixas rubras que encobriam o brilho azul de seu core.

Um suspiro desanimado abateu-se sobre a figura poderosa de Venon. Esperava que sua pupila ainda conseguisse aumentar seu nível de magia, pelo menos antes de partir para o campo de batalha, mesmo tendo um core tão incomum brilhando no peito. Não queria que ela passasse pela dor de evoluir em meio a uma guerra, nem tão pouco que perdesse a vida sob a lâmina de um guerreiro ou entre as presas de uma fera assassina.



— Queria que tivesse mais tempo para exercitar suas habilidades, mas sua pontuação foi muito boa para alguém de core não negro, e nesses tempos de guerra cada mago é necessário no campo de batalha, principalmente por sermos tão poucos.



— Não se preocupe mestre Venon, eu estou pronta para defender meu povo e mostrar o valor da nossa linhagem, assim como minha irmã! — Samyra olhava decididamente para seu mestre — Falando nela devo ir ao seu encontro.



A maga de cabelos rubros caminha até o salão principal e se senta para esperar sua irmã. Neste lugar algumas crianças brincavam e Samyra passou a observar a brincadeira.



— Você perdeu! — dizia um garotinho — Terá que ser o Lucian!



— Ahh... Não é justo! Eu queria ser o Venon...



— Estão brincando de que crianças? — pergunta a core azul que estava a observar.



— Não estamos brincando — responde o primeiro garoto orgulhosamente — Estamos treinando para as batalhas! Eu sou Venon! Eu vou punir você Lucian!



— Eu sou Vega! — dizia uma garotinha — Preparem-se para morrer seres inferiores!



— Vega! Igualzinha mesmo! — diz Samyra sorrindo com as mãos apoiadas sobre seus joelhos — mas quem é Lucian? — indaga em baixo tom.



— A primeira coisa que terá que aprender é se informar melhor.



Vega havia chegado novamente ao salão de mármore, agora acompanhada de seu fiel cão. Vários olhares como sempre se dirigiam a ela.



— Assim como Oran de Glaucoviren, Lucian de Carnelian é a maior força dentro de seu clã. Você deveria no mínimo saber disso.



Samyra abaixa seus olhos até o chão.



— Desculpe-me irmã...



— Não perca tempo pedindo desculpas. Quero que esteja pronta para lutar, sairemos daqui durante a noite — finaliza Vega saindo juntamente de seu cão.



— Está bem... — diz Samyra aos ventos.



2 comentários:

Kayla disse...

Mana Virgo, que sacrilégio!!! Não me informou sobre esse trabalho em conjunto com nossa outra maninha. Ainda bem q ela me disse. Dessa vez passa viu.

Meninas, estou adorando essa historia original.

Vou ler o restante e comentar depois.

Bjs

Onçana disse...

Wow, trama interessante pra caramba!
Eu também venho de um reino distante, e também temos algumas armas com jóias... mas eu sou do povo gato! =^o^=

Prometo voltar depois pra ler o resto e se quiser conto um pouco das minhas coisas também!