— Capítulo segundo —
Desde pequena Linna sabia de seu destino como sacerdotisa. Ela não passou muitos anos de sua vida ao lado de seu irmão gêmeo, os dois teriam treinamentos distintos. A futura sacerdotisa havia conhecido Shaka na Índia, os dois se tornaram grandes amigos.
Todos os futuros cavaleiros têm seus treinamentos em diversas partes do mundo, com Linna, mesmo não sendo um cavaleiro ou amazona, não foi muito diferente. Ela passou por vários países para com doze anos ser enviada definitivamente ao santuário de Athena, onde ela já havia conhecido Saga, Kanon e Shura.
—Nessa época — diz Shaka — você era uma pessoa que não se abalava com nada. Eu realmente prefiro você agora, mais humana — o virginiano então pensa — Mu, bom trabalho.
—Então, eu voltei ao santuário...
Linna havia retornado para o santuário, ela logo ficaria sabendo da profecia.
Pouco tempo depois que a jovem chegou, ela passeava pelas ruas. De repente uma senhora de cabelos brancos usando um xale de cor verde aproxima-se para falar com a futura sacerdotisa:
—Você é a jovem que nasceu para ser a sacerdotisa de Athena.
—Hum? — diz Linna que ainda indaga mentalmente — Como ela sabe?
Essa informação era mantida em segredo. A velha continuou:
—É minha obrigação contar a você sobre a profecia.
—Profecia?
—Você nasceu sendo a sacerdotisa de Athena, porém você pode abdicar dessa responsabilidade quando quiser. Para os cavaleiros funciona um pouco diferente, eles apenas se tornam cavaleiros no momento em que vestem suas armaduras pela primeira vez. A profecia diz que assim que os olhos da sacerdotisa de Athena e os de um cavaleiro de ouro se encontrarem, eles irão se apaixonar eternamente.
—Do que você está falando? Não pode ser verdade...
—Isso talvez exista para que a sacerdotisa de Athena tenha proteção...
—Não! Isso não é certo! Eu não aceito! — Linna começou a dizer exaltada.
—Mas é a mais pura verdade. Eu realmente sinto que você não acredite em mim.
—Eu gostaria realmente de não acreditar em você...
—Minha missão está cumprida — disse a senhora olhando para o céu.
A futura sacerdotisa começa a correr. Ela de repente começou a se lembrar de algumas frases. Primeiro a voz de um homem:
—Saga se tornou um cavaleiro de ouro...
Depois a voz de uma mulher:
—Eu creio que em breve seu irmão irá se tornar um cavaleiro de ouro...
Linna arregala seus olhos e depois ainda escuta em seus pensamentos a voz de seu amigo Shaka:
—Linna, eu serei um cavaleiro de ouro.
A jovem corre ainda mais. Ela pára em uma grande e antiga biblioteca, passa toda tarde, até o anoitecer pesquisando. Linna encontra informações sobre a tal profecia.
Quando escurece, a jovem retorna para onde estava dormindo e encontra a sua dama de companhia, a mulher que tinha a obrigação de ficar ao seu lado e lhe dar conselhos. A mulher de companhia começa a dizer para logo ser interrompida por uma aparente calma Linna:
—Senhorita Linna, você demorou...
—Assim que os olhos da sacerdotisa de Athena e os de um cavaleiro de ouro se encontrarem, eles irão se apaixonar.
—Como soube disso?
—É verdade então...
—Bom, na verdade não há provas de que seja verdadeira, mas essa profecia de fato existe. Eu preciso ir agora, é melhor você se deitar — a mulher sai rapidamente, de olhos arregalados.
A futura sacerdotisa se deita, ela já sabia exatamente o que faria. No meio da noite Linna foge do santuário. A jovem andava com passos firmes, decidida, ela encarava a situação friamente dizendo para si mesma:
—Eu nunca deixarei de ser a sacerdotisa de Athena, eu cumprirei minha missão, mesmo que fora do santuário. Eu posso passar toda minha vida sem encontrar qualquer cavaleiro de ouro. Eu não mudarei o destino de ninguém!
Linna havia levado suas economias, com estas ela conseguiu alugar um quartinho na periferia de Atenas. Logo ela consegue um trabalho como faxineira para se sustentar. Todo dia a jovem acordava antes do sol nascer, rezava e treinava, e depois ia trabalhar. Assim se passaram vários anos, Linna fazia bicos e se sustentava. Ela freqüentava uma biblioteca também sempre que podia.
Ao completar vinte anos, a sacerdotisa começa a esquecer de algumas coisas que havia feito, até que um dia ela sai, passando dias sem saber direito o que acontecia com ela mesma. Primeiro veio a dor de cabeça, que sempre após uma crise a jovem não se lembrava. Depois veio a dor pelo corpo todo. Então, ela própria começou a se unhar e não mais sustentava seu próprio corpo, estava visivelmente desfalecendo.
—Parecia que alguém estava querendo me controlar, eu não conseguia dominar as minhas ações direito. Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu me lembro de correr. E foi aí que Mu me encontrou, eu acabei voltando para o santuário.
—Que bom que voltou para nós Linna.
—Eu estava bem ruim, mas logo melhorei, realmente achei que isso não mais aconteceria. Agora parece que tudo está voltando, eu não sei o que está acontecendo Shaka! Eu apenas não gostaria de dar trabalho às pessoas...
—Linna, apenas não fuja novamente. Seja o que for, nós descobriremos e você ficará bem.
—Shaka...
—Você nunca daria trabalho algum, e a culpa nem é sua!
—Mu disse o mesmo...
—Pois então. Quanto a isso, não precisa se preocupar. Vamos nos preocupar em descobrir o que é, e por que é.
A sacerdotisa concorda positivamente com a cabeça.
—Você já contou isso ao Mu?
—Não — a jovem responde tristemente — eu mesma não sei o que se passa comigo.
—Diga a ele, ele vai ficar mais tranqüilo em saber o que de fato está acontecendo.
—Eu vou dizer...
—Eu vou procurar saber o que está acontecendo com você. Não se preocupe, eu não vou contar a ninguém. Eu vou trazer o Mu.
—Sim...
Linna estava abatida, mas parecia mais aliviada. Seu coração estava levemente disparado, agora ela iria contar ao cavaleiro que mais amava que era uma pessoa frágil e que nem ela sabia por quê. O ariano logo retorna.
—Como está se sentindo?
—Bem.
—Bom saber...
Shaka não havia dito nada a Mu, este então supôs que Linna deveria ter contado ao virginiano alguma coisa. O cavaleiro de ouro podia agora ficar um pouco mais tranqüilo. Ele se senta em um sofá próximo ao que a sacerdotisa estava. Linna estava olhando fixamente suas mãos em seu colo, de repente ela se levanta desarrumando as almofadas e deixando cair o lençol que a cobria. O ariano rapidamente se levanta.
—Linna!
A jovem então abraça seu cavaleiro dourado e diz entre seus braços:
—Mu...
—Está tudo bem meu amor, eu estou aqui com você.
—Há alguns meses atrás eu comecei a reparar que algo estava errado comigo, eu não poderia deixar que algo me abalasse. Eu estava esquecendo coisas, me sentindo estranha, às vezes eu até sentia que eu não controlava minhas próprias ações. Eu parti sem rumo e sem saber direito como. Comecei a sentir fortes dores e eu não mais agüentava o peso do meu corpo. Eu me lembro de correr bastante, não sei nem como. Eu queria me proteger, mas como se o que estava me fazendo mal parecia vir de dentro de mim? Eu não queria contar isso a ninguém, principalmente a você. Eu sou a sacerdotisa de Athena, não posso ser fraca assim.
—Linna, mesmo você sendo a sacerdotisa de Athena, não deixa de ser um ser humano. Às vezes somos fracos, muitas vezes. E no seu caso nem foi sinal de fraqueza. E também você deveria saber que pode confiar em mim e que eu sempre irei te proteger, sempre que você precisar.
—Eu sei, mas é que...
—Você não foi fraca. E mesmo que tivesse sido isso não seria de nenhuma importância. Nós vamos descobrir o que está acontecendo com você, e eu com muito gosto irei continuar lhe protegendo pelo resto da minha vida. E se isso for culpa daquela profecia eu vou ter que agradecer até o meu último dia por ela existir!
A sacerdotisa começava a chorar novamente, parecia que todas as lágrimas que ela havia querido chorar por todos esses anos ela estava derramando. Ao mesmo tempo em que estava triste, Linna estava muito feliz, Mu era simplesmente perfeito! Este continua:
—Eu tenho uma coisa para lhe dizer, eu ia esperar o retorno de Athena. Mas para falar a verdade eu não vejo por que esperar mais. Quero que se case comigo, que seja minha mulher!
Linna estava sem ar, um pedido de Mu de Áries. Ela enxuga suas lágrimas rapidamente e diz toda sorridente:
—Mas é claro que eu aceito me casar com você!
—Eu achei que você poderia achar que era muito cedo.
—Ah Mu! — a sacerdotisa abraça ainda mais fortemente seu cavaleiro dourado.
—Eu quero que você conte a todo o santuário, desejo fazer uma grande festa.
—Sim. Assim que eu estiver melhor eu vou chamar todo mundo pra contar!
O ariano sorria, ele também estava muito feliz.
Dois dias se passam, a sacerdotisa havia se contido para não contar nem a Camus e nem ao seu melhor amigo. Porém isso logo aconteceria e ela rapidamente comunica isso ao ariano.
—Hoje irei falar a todo o santuário sobre o nosso casamento no salão principal. O horário será assim que começar a escurecer. Eu gostaria que você fosse se puder.
—Obviamente estarei lá. Afinal, sou a parte interessada — diz o cavaleiro sorrindo calmamente.
A tarde logo chega, Linna havia posto um vestido muito bonito, de cor azul clara. A sacerdotisa sozinha havia avisado a todo o santuário, pelo menos às pessoas que conhecia. A jovem disse que teria algo muito importante para falar, sempre com um magnífico sorriso no rosto. Linna parte ao salão. Um palco havia sido improvisado por ela usando algumas mesas, cadeiras haviam sido postas em frente a essas mesas e muitas pessoas já se encontravam por ali. A jovem vê Shaka, ela discretamente chama o virginiano para que ninguém a visse. O cavaleiro de Virgem já a sós com a sacerdotisa se espanta:
—Linna?
—Shaka! Eu não vou agüentar, eu tenho que te contar primeiro!
—Do que se trata?
—Eu vou contar a todo o santuário, mas eu gostaria de lhe falar primeiro — a jovem se aproxima do ouvido de seu amigo e diz algumas palavras.
—Linna! Eu fico muito feliz por você!
—Muito obrigada! Agora devo ir. Sente-se que eu subirei ali para dizer a todos — diz a sacerdotisa sorrindo e apontando para as mesas usadas como improviso.
Shaka faz o que Linna havia lhe pedido, ele aproveita para adiantar aos cavaleiros que estavam próximos, o fato da sacerdotisa logo chegar. E ela chega. Completamente elegante com um belíssimo sorriso no rosto. A jovem não tarda a falar.
—Por favor, sentem-se todos.
Mais alguns segundos e todos haviam se sentado. Olhavam então curiosos para ela.
—Eu tenho algo muito importante para dizer a todos vocês. Queria também aproveitar para convidar vocês para participar disso comigo. Eu falo do meu casamento com Mu de Áries.
O santuário todo olhava espantado para ela, alguns muito felizes com grandes sorrisos em sua face, outros com simplesmente cara de espanto, mas uma pessoa olhava com uma cara bem séria, o curandeiro chefe de Athena.
Os cavaleiros de ouro, que estavam sentados mais próximos ao palco, começam a olhar o cavaleiro de Áries que estava sentado junto a eles. Alguns cumprimentos foram ditos. Isso tudo aconteceu muito rapidamente. Neste momento a sacerdotisa começa a passar mal e antes que as pessoas comuns reparassem no que estava acontecendo, Mu já estava segurando Linna em seus braços, seguido de perto por Shaka e Camus.
—Linna! — o ariano gritava.
—Mu! A minha cabeça... Dói muito!! Faz isso parar, por favor!
As pessoas começavam a se acumular em volta deles. Os cavaleiros que próximos estavam começam a ajudar:
—Dêem espaço! Dêem espaço para a sacerdotisa respirar!
A jovem agonizava de dor caída nos braços de seu amado. Shaka e Camus estavam ao lado dos dois.
—Ahh. É ele! Mu! Tira ele de mim, Mu!!
O ariano não sabia o que poderia fazer, ele começou a elevar seu cosmo à jovem e foi ajudado por Camus. Shaka percebe algo em Linna e abre seus olhos. Não demora muito e os dois cavaleiros de ouro começam a ficar cansados, a sacerdotisa havia parado de gritar, ela apenas tremia de olhos fechados, abraçada a Mu, já ausente de tudo que acontecia a sua volta. Os cavaleiros de ouro haviam retirado todo o povo do salão e vigiavam para que este ficasse apenas com eles lá dentro.
—Mu, Camus, eu acho que eu sei o que está acontecendo.
—Vocês estão querendo dizer que não é a primeira vez que isso acontece? — pergunta Camus sério.
O ariano toma a iniciativa para falar:
—Ela já teve crises de dor de cabeça, porém ela sempre fica distante e depois não se lembra de nada. Ela não quis nem contar a mim.
—E você diz que sabe o que é Shaka? Diga! — diz o aquariano agora se dirigindo especialmente ao cavaleiro de Virgem.
—Hades.
Mu e Camus olham incrédulos para Shaka.
—Isso mesmo que vocês ouviram, eu vi a presença dele. Eu não sei por que, mas ele parece estar tentando tomar Linna para si.
—Como isso é possível? — pergunta o cavaleiro de Aquário.
—Eu também não sei — Shaka dizia tristemente olhando para a jovem no colo de Mu.
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