Lembrando: Kuroshitsuji não me pertence.
Inspiração: Monochrome no Kiss e Kuroshitsuji
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Tomou o pequeno rosto com as mãos, estranhamente o seu coração negro batia de forma rápida, como se fosse abandonar o seu corpo e ganhar vida própria. A ansiedade tomava conta de si, e a fome o corroía por dentro. Sua boca enchia-se de água agora que estava prestes a saborear o único sabor que seu corpo gostaria de sentir.
Tinha seu rosto tomado pelos dedos do demônio, estava calmo, todos os seus últimos anos caminharam para que esse momento chegasse. O último prêmio por alcançar a vingança de sua honra. Queria que a dor fosse a pior e a mais rasgante que já sentira. Queria que a dor tomasse forma e envolvesse a sua alma por completo.
Ele se aproximou lentamente, um sorriso no canto dos lábios, seria sua a alma que já sempre fora. A alma a que servia e serviria até aquele momento. Para sempre.
Sentiu a respiração do demônio a tocar-lhe a pele do rosto. Finalmente era chegado o dia em que sua vida estrelaria seu último espetáculo pelas mãos de seu mordomo.
Sebastian estava prestes a tocar seus lábios aos de seu mestre. Toda a sua longa vida, nada que ele havia realizado até hoje, se comparava à sensação daquele momento. Seu mestre estava calmo, como ele imaginava que ele estaria quando a hora chegasse. "Mais um pouco, Bochan".
Permanecendo de olhos fechados ele sentia o calor da respiração de Sebastian a entrar por sua boca. Finalmente sua vida havia cumprido seu propósito. Seu último desejo seria, portanto, realizado.
Comparar-se a esse momento nada em sua vida poderia, e por isso ele estava pronto a abandona-la, pois nada que possa e poderia existir nesse mundo o deixaria vivo como agora. Nada traria tamanha satisfação. Ninguém se compararia ao seu mestre, apenas ele bastava. Depois daquele momento não mais faria sentido viver nesse mundo.
"Não me faça esperar mais, Sebastian".
Os pequenos lábios eram seus. Ele sentiu quando a vida deles se extinguia enquanto ele se alimentava como nunca havia feito. Obedecendo a última ordem de seu mestre ele abocanhou, dilacerou e devorou sua alma, a única alma que havia desejado com tamanha intensidade, e que também o desejava da mesma forma.
Sentiu os lábios de Sebastian nos seus. A dor que o envolveu era estonteante, rasgante, completa. Perfeito. Talvez teria gritado, mas já não podia mais. Foi perdendo os sentidos um a um. Seu corpo finalmente amoleceu sem vida.
Acabou. O eterno momento havia acabado, o demônio sorri. Seu ser era apenas satisfação, uma maravilhosa e infinita sensação. Anos de prazer servindo-o esteticamente, perfeitamente para agora chegar ao prazer final, o prazer supremo, e por fim ele havia conseguido produzir a dor capaz de coroar até um rei tão surpreendente como seu jovem mestre. Seria um bom modo de tudo acabar, após a completude de realizar o seu último, único e maior desejo. Seu ímpeto de viver se foi e observando o corpo sem vida banhado pela luz da lua de seu mestre, seu eterno mestre, ele deixou de existir.
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