segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sacerdotisa — Revelações — Capítulo terceiro —

— Capítulo terceiro —


Após o incidente no salão passaram se alguns dias. O povo disfarçava na presença da sacerdotisa, ela não agüentando mais essa situação, passa a evitar sair de sua casa. E como se tudo não fosse o bastante, Linna começou a ter pesadelos, com um homem de cabelos escuros e olhos obscuros. A jovem conseguiu evitar que Mu descobrisse isso. Até que uma vez, a sacerdotisa acorda no meio da madrugada após mais um sonho, vai até o banheiro e se olha no espelho. Ela diz decidida:

—Quem é você?

Silêncio

—Responda, quem é você? E o que quer de mim?

—Percebeste enfim...

A sacerdotisa havia ouvido uma voz, logo ela percebeu que a voz vinha de dentro dela, estava em seu subconsciente. Linna se espanta e a voz continua:

—És meu elo para esse mundo. Eu sou Hades.

A jovem se desespera e senta-se no chão devagar. Ela leva uma de suas mãos à boca e diz ainda, em tom baixo:

—Como isso é possível?

E a voz continua:

—É preciso que se tornes a minha sacerdotisa.

—Isso é impossível! Eu jamais abandonaria Athena!

—Linna?

Agora era a voz de Mu. Este havia acordado preocupado com sua sacerdotisa. A jovem abre a porta do banheiro devagar ainda com os olhos um pouco arregalados.

—Está se sentindo bem? — pergunta amorosamente o cavaleiro preocupado de Áries.

Teria sido um sonho? Não, foi tudo muito real para a sacerdotisa Linna. Mas, quem sabe...

—Estou, foi apenas uma tontura.

—Tem certeza?

—Tenho.

—Então está bem, venha se deitar.

Mu a conduz para sua cama, a sacerdotisa se deita. O cavaleiro a observava, ele não podia fazer nada para ajudá-la, e agora Hades estava atrás dela, por quê? E como isso era possível? O ariano se sentia inútil.

Shaka na maior parte do tempo meditava, para tentar encontrar respostas. Os três cavaleiros de ouro que sabiam o que estava acontecendo, acharam melhor não contar a ninguém por enquanto, Athena logo estaria de volta e eles falariam com ela primeiro. Não seria bom também preocupar Linna, que tão debilitada já estava.

Na manhã seguinte, a sacerdotisa se levanta. O ariano já estava acordado a protegê-la e fazendo com muito gosto companhia à jovem.

—Bom dia! — diz o cavaleiro.

—Bom dia — responde a sacerdotisa se sentindo um pouco estranha.

—Quer tomar seu café da manhã agora?

—Mu, eu gostaria de treinar hoje.

—É melhor que não faça isso ainda.

—Já se passaram vários dias, eu estou bem.

O ariano percebe que seria melhor deixar com que ela treinasse.

—Está bem, mas não se esforce. Eu vou sair um pouco para que você possa treinar, mas não irei demorar a voltar.

Mu não gostava muito de deixar a sacerdotisa sozinha, Linna era bem capaz de aprontar alguma coisa enquanto ele estivesse fora.

—Eu prometo que não vou me esforçar.

—Até mais Linna — o cavaleiro deixa um beijo em sua testa.

—Até mais.

Mu parte para as Doze Casas, iria falar com Shaka. Enquanto isso, a sacerdotisa estava de olhos fechados parada. E como esperado, a voz de Hades ela ouviu em sua cabeça:

—Eu quero que se afastes dele.

A sacerdotisa arregala seus olhos. A voz continua:

—Desejo que se afastes de Mu de Áries.

—O que? — pergunta Linna incrédula.

—Ou preferes ver seu carneirinho dourado morto?

—Não! Isso nunca!

—Então me obedeça Linna! Separe-se de Mu para o bem dele e para o seu.

Silêncio.

—Por que hexitas? Sou um deus, não podes me desobedecer.

—Eu não vou deixar os braços de Athena e me unir a você! Jamais!

—Estou sendo muito bondoso para contigo Linna, apenas estou lhe pedindo para se afastar daquele cavaleiro. Nada mais. Sendo que o amor entre vocês nem é real.

A jovem arregala seus olhos:

—É real!

—Sim... Tanto que foi posto na cabeça de vocês... Por uma simples profecia!

— O nosso amor é real! Eu tenho certeza!

—Acredita nisso se quiser. De qualquer forma, tu não o terás, se o tiveres ele morre.

Linna permanecia muda, fitando o chão. A voz de Hades continua:

—Farás isso, não farás?

—Farei...

Hades havia conseguido uma das coisas que queria, seria o primeiro passo para tomar Linna para si.

Enquanto isso, na sexta casa Mu chegava. Shaka assim que percebe o cumprimenta:

—Olá Mu.

—Olá Shaka, obteve sucesso? Conseguiu descobrir alguma coisa?

—Ainda não, mas eu sinto que estou próximo.

—Espero que esteja — o ariano abaixa seus olhos e fita o chão tristemente.

Shaka põe uma mão sobre o ombro do cavaleiro de Áries:

—Daremos um jeito, não deve ficar assim, a culpa não é sua.

Mu agradece a compaixão do cavaleiro de Virgem, se despede e volta para a casa de Linna. Esta havia treinado um pouco, com muita dificuldade e agora permanecia sentada, com os cabelos molhados de um banho tomado. Ela possuía um olhar distante.

—Linna?

A jovem permanece em silêncio. O cavaleiro então se aproxima e põe uma mão em seu ombro. A sacerdotisa se assusta e se afasta.

—Você está bem? — pergunta o ariano.

—Sim — ela responde.

Mu possuía um olhar triste, ele sabia que Linna não estava bem, mas ele nada poderia fazer.

Neste instante, a sacerdotisa sentia uma forte dor em seu peito, ela teria que se separar de seu cavaleiro. Este pergunta:

—Tem alguma coisa que você gostaria de me dizer?

—Sim.

Ele queria ajudá-la. O amor de sua vida estava sofrendo, ele não iria suportar vê-la assim.

—Pode dizer.

—Eu acho que nós não devemos mais ficar juntos.

—Linna, você não me dá trabalho, eu quero cuidar de você.

—Não é isso...

—O que é então? Diga-me.

—Eu apenas não te quero mais.

Mu não compreendia por que Linna estava falando isso.

—Olhe nos meus olhos! Diga que não me ama!

Aqueles olhos que a deixavam maluca, aqueles olhos que eram capazes de fazê-la admitir qualquer coisa... Como mentir para aqueles olhos? Ela mente...

—Eu não te amo mais Mu.

O cavaleiro dourado fecha seus olhos e diz tristemente:

—Pelo menos, você conseguiu provar que a profecia não era verdadeira. Desculpe ter feito você perder tempo comigo.

Mu deixa a casa de Linna sem dizer mais nada.

A sacerdotisa aspira muito ar pela boca e se desaba ao chão, chorando feito uma criança. Por que ela havia achado que poderia ser feliz? Que tinha direito à felicidade? Agora ela, e pior ainda Mu, sofriam!

As lágrimas também não deixavam o cavaleiro de Áries, elas insistiam em rolar continuamente por sua bela e alva face.

Algum tempo depois, a sacerdotisa havia parado de chorar, suas lágrimas não saíam mais, pareciam ter secado. A jovem apenas permanecia sentada com os olhos abertos e com um olhar distante. A voz de Hades então se faz ouvir:

—Notou como conseguiste sobreviver?

Ela permaneceu muda, com o mesmo olhar distante.

A tarde logo se adentrava e chegava ao fim. Mu estava em sua casa quando Shaka apareceu:

—Mu, eu estava indo visitar a Linna, ela está aí?

—Não.

—Eu pensei que você passaria à tarde com ela hoje.

—Eu também pensei.

—Aconteceu alguma coisa? — pergunta o virginiano.

—A Linna não me quer mais — responde o cavaleiro de Áries.

—O que quer dizer? Por que diz isso?

—Ela me disse.

—Mas, será que ela não está confusa, ou está sendo controlada por alguém?

—Não, era justamente a Linna que eu conheço.

—Isso não pode ser, não faz o mínimo sentido!

—Obteve alguma resposta em suas meditações?

—Não, ainda não. Mas Mu... — Shaka é interrompido pelo ariano:

—Então eu espero que você consiga descobrir o que é. E não hexite em me chamar se a Linna precisar, apenas não conte isso a ela.

—Mu... — o cavaleiro mais próximo de deus ainda tentava dizer algumas palavras de consolo ao ariano. Ele também não compreendia como sua amiga poderia ter feito isso.

O cavaleiro de Áries calmamente interrompe o de Virgem:

—Shaka, eu gostaria de ficar sozinho.

—Eu compreendo.

O virginiano se locomovia em direção à casa da sacerdotisa. Ele precisava descobrir e entender o por que de sua amiga ter terminado com Mu. Isso não podia ser compreendido! Ele bate em sua porta. A voz de Hades faz-se ouvir para Linna que observava a sua porta assustada:

—Lembra-se, a vida daquele cavaleiro de ouro está em suas mãos.

A sacerdotisa friamente abre a porta de sua casa. Ela vê seu amigo. Por um momento ela teve vontade de dizer tudo que estava sentindo a ele, seu maior confidente e companheiro.

—Olá Linna. Posso entrar?

—Claro, entre — diz a jovem sem nenhuma expressão em seu rosto.

—Como está se sentindo hoje?

—Bem.

Parecia realmente que Linna falava a verdade, mas o virginiano sentia que a sua amiga não estava bem. O cavaleiro de Virgem continua:

—Você e o Mu brigaram?

—Não, eu apenas terminei com ele.

—Linna, por que fez isso? Você não o ama?

—Não.

Shaka abre seus olhos. A sacerdotisa permanecia calma.

—Linna, como isso é possível?

—Ora Shaka, as coisas acabam. Eu simplesmente não sinto mais nada por ele.

—Ele fez alguma coisa que você não gostou?

—Não, ele é bonzinho.

Bonzinho? Shaka estava de olhos arregalados. Realmente Linna não estava sendo controlada, mas como era possível que ela tivesse mudado de opinião assim. Seria culpa da profecia? Esta seria verdadeira e agora perdia seu efeito?

A sacerdotisa estava se mantendo firme, estaria ela sendo convincente o suficiente? Ela teria que ser ainda mais forte. Por ele!

—Como foi seu dia Shaka?

O virginiano ainda olhava para ela incrédulo. Ele responde:

—Eu passei o dia meditando.

—Que bom.

—Não muito, ainda não obtive algumas respostas que eu estou a procurar.

—Não se preocupe Shaka querido, não desista que um dia você as terá!

Linna sorria como se nada estivesse acontecendo de diferente em sua vida.

—Eu espero que sim. Eu vou aproveitar para meditar mais um pouco. Você ficará bem?

—Com certeza!

—Então amanhã nos veremos.

—Até amanhã Shaka, tenha uma boa noite.

O cavaleiro de Virgem saía da casa de Linna ainda de olhos bem abertos, como tudo isso era possível? Ele sabia que deveria encontrar respostas o mais cedo possível. O virginiano chega na primeira casa. Ele iria atravessá-la calado, porém Mu o chamou:

—Shaka, como ela está?

—Bem.

—Bom saber — o cavaleiro de Áries sorri. No final ele apenas ansiava que Linna estivesse bem.

Shaka já de olhos fechados sobe inconformado com o rumo que os acontecimentos estavam tomando até sua casa e começa a meditar novamente.

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