domingo, 25 de maio de 2008

Sacerdotisa - Capítulo cinco

Notas iniciais: No capítulo anterior, Linna e Mu se beijam no lago. A sacerdotisa explica sobre a profecia e Mu sobre seus sentimentos. A garota sai correndo.

ººººº

—Linna! Você ainda não me contou o que aconteceu naquele lago — dizia Shaka enquanto este e a sacerdotisa iam em direção ao salão principal.

—Isso é por que não houve nada de mais... Por que pergunta assim? É verdade!

—Sei, sei.. Bom, espero que tenha aproveitado a sua manhã de qualquer forma. Pronta pra almoçar?

—Sim, eu estou com fome!

—Que bom — finalizou Shaka sorrindo.

Já no salão onde almoçariam, algumas figuras conhecidas podiam ser vistas: Shina amedrontava algumas cozinheiras, Afrodite pentelhava Death Mask, Shura conversava com Camus, e Aioria conversava animadamente com Marin. Linna e Shaka se sentam próximos a eles.

—Olá sacerdotisa! Como tem passado?

—Muito bem Marin, e você?

—Bem.

—Linna! Dormiu bem em sua nova casa? — disse Afrodite.

—Sim, dormi. E muito obrigada pelas flores que você me deu, ficaram lindas como destaque em uma mesinha próxima à entrada.

—Que bom, logo eu arranjarei um tempinho para ir lá te visitar — respondeu animadamente o pisciniano.

—Olá irmã, está gostando da sua nova casa?

—Sim, ela é perfeita nisan— respondeu Linna à Camus.

Antes de o almoço ser posto na mesa, situações constrangedoras ainda estariam por acontecer.

—Linna – irmãzinha! — ouviu-se Kiki gritar.

A garota sentiu seu coração pular, ela sabia quem provavelmente estaria junto de Kiki.

—Olá Kiki, tudo bem?

—Mais ou menos né, você fugiu do lago! Nem me esperou trazer as frutas que eu tinha ido pegar para você e para o mestre Mu...

—Ah Kiki, realmente não tinha necessidade, não precisava se incomodar com isso.

Todos estavam atentos à conversa dos dois, principalmente Shaka e Camus. O último pensava consigo:

—Minha irmã e Mu sozinhos em um lago?

—Kiki, eu já não lhe disse que Linna tem outras coisas para fazer?

A sacerdotisa arregala seus olhos e se esforça ao máximo para agir normalmente:

—Olá Mu, como vai? — disse ela.

—Eu estou bem, e você?

—Também...

—Bom irmãzinha, teremos que marcar para ir para o lago novamente, você nem aproveitou.

—Talvez um dia. Prometo a você.

—Combinado então! — respondeu o garoto animado.

Shaka não deixava de reparar nos detalhes que aconteciam na mesa de jantar: Mu parecia estranho, Linna parecia envergonhada, Kiki parecia triunfante e Camus parecia desconfiado. O virginiano também não deixou de reparar que Aioria apenas prestava atenção em Marin e esta naquele.

O almoço então foi servido. Linna fazia o possível para se manter mastigando alguma coisa, Mu dava discretas olhadas para a sacerdotisa, Kiki estava feliz, Shaka disfarçava não reparar em nada anormal puxando assunto com a sacerdotisa animadamente, Afrodite pentelhava Death Mask e Aioria e Marin ainda conversavam.

Então o almoço chegou ao fim. Linna fez questão de permanecer longe de Mu e Kiki percebeu isto. Ele logo arranjaria um jeito para que os dois se encontrassem sozinhos novamente.

—Linna, por que você não me convida para jantar hoje? Assim eu posso conhecer a sua casa — disse Afrodite.

—Claro — respondeu Linna — espero que você aprecie a minha comida.

—Então está combinado. Eu te encontro na sua casa às seis e meia, tchauzinho!

—Tchau!

Durante a tarde, Linna treinou algumas magias defensivas no quintal de sua casa, se ela era uma sacerdotisa ela deveria saber se defender. Depois de ter treinado bastante, Linna saiu para dar uma volta no jardim onde tudo começou. Assim que ela lá chegou percebeu que Mu também havia tido a mesma idéia. A sacerdotisa não tendo coragem de encarar o ariano, resolver dar meia volta e voltar para sua casa, porém ela não fez isso despercebida, Mu havia reparado que ela tinha chegado e assim que o vira resolveu sair. Isso fez com que o cavaleiro de Áries olhasse tristemente para o chão.

Mais tarde, Linna já havia preparado o jantar para receber o cavaleiro de Peixes que pontualmente às seis e meia chegou em sua casa:

—Olá sacerdotisa! O aroma do jantar está uma delícia!

—Olá Afrodite! Que bom que chegou, entre!

Linna então mostrou a sua casa ao pisciniano.

—Linna! Mas que bela casa! Ela é simples, porém muito bonita e encantadora. Realmente combina com você!

—Obrigada — agradeceu Linna.

A garota serviu o jantar que foi elogiado por Afrodite. Após terem comido ficaram conversando um pouco. Próximo às oito da noite Afrodite se despediu:

—Eu já vou para minha casa, preciso descansar. Devo dormir oito horas no mínimo todos os dias. Boa noite!

—Boa noite Afrodite! Até amanhã — disse Linna fechando a porta. A garota então se preparava para trocar de roupa quando ouve um bater em sua porta — Será que Afrodite esqueceu alguma coisa? — ela pensou. Foi então para sua surpresa que ela viu que não era o pisciniano:

—Linna-irmãzinha!

—Olá Kiki, entre — disse Linna ao garoto para que ele entrasse. Ele o fez.

—O que eu tenho para falar não é demorado, serei rápido.

—Pois não, pode dizer.

—O mestre Mu está chateado.

—Como assim?

—Poxa Linna – irmãzinha! Você ficou evitando ele o tempo todo, isso não se faz! Eu vim dizer para você ir pra casa de Áries falar com o Mu–sama!

A sacerdotisa se chocou com tamanha sinceridade e espontaneidade do garoto, e como ele era esperto e perspicaz!

—Kiki, já é tarde, eu realmente não acho que eu deva ir agora à casa dele.

— Eu apenas vim lhe dizer isso. E ahh! Eu ainda tenho muita coisa pra fazer, vou chegar na primeira casa só depois das dez horas — dizendo isso ele se levanta e abre a porta — Você gosta do mestre Mu, não gosta? — ele sorri para ela e vai embora.

—Amo — Linna diz para si mesma.

Enquanto isso em Áries, Mu permanecia na entrada de sua casa observando o céu. Ele estava com o rosto calmo, porém triste. Já começava a ter certeza que o que aconteceu no lago hoje, ele jamais iria sentir novamente. Linna certamente o evitaria e para que ela não fugisse do santuário novamente o ariano ponderava a possibilidade de voltar para Jamiel, nem que fosse por uns tempos até tudo se acalmar. Apenas uma coisa ele tinha certeza, o seu coração já era de Linna, isso nada e nem ninguém nunca iria poder mudar. Ele sabia que demoraria em pegar no sono, então resolveu entrar para tentar fazer isso o quanto antes.

A poucos metros dali, estava Linna, trajando seu velho vestido de rendas. Em sua casa, ela até chegou a se trocar para dormir, porém seu coração falou mais alto e ela resolveu seguir o conselho de Kiki. Chegou na primeira casa zodiacal e começou a entrar devagar. Assim que o fez, o cavaleiro de Áries foi de encontro a ela:

—Linna? O que faz aqui?

—Mu, eu... Desculpe-me por aparecer aqui sem avisar...

—Não tem problema algum. Está precisando de alguma coisa?

—Eu estou bem, obrigada. Bem, na verdade eu vim aqui para lhe falar.

—Claro, pode falar.

—O Kiki me disse que você estava chateado.

—Você veio aqui por que o Kiki lhe disse isso?

—Bem, eu até achei que era por isso, mas... Na verdade, eu mesma queria vir aqui. Precisava falar com você — ela deu uma pausa — mas agora que estou aqui, não sei como começar.

—Linna, se você quer me pedir para que eu não lhe procure mais eu entendo. Prometo que nunca mais ousarei tocar em você.

A sacerdotisa permanece calada, então o ariano abaixa seus olhos para o chão e continua:

—Eu apenas gostaria de dizer a você que eu não posso te esquecer, nem que você me peça. Eu estou pensando em ficar fora por uns tempos, voltar para Jamiel. Acho que é o melhor a ser feito.

—Não vá, por favor!

—Se você preferir que eu fique, eu posso ficar.

—Eu prefiro. Eu não agüentaria ficar sem te ver.

Diante dessas palavras Mu ergue seus olhos e olha para Linna que começara a chorar.

—Linna, o que foi? Está se sentindo bem?

— Mu, eu estou com medo... De perder você. Mas eu não quero ser responsável por mudar seu destino, essa profecia...

Mu abraçou Linna e disse:

— Quem disse que você vai me perder? Eu estarei sempre com você sempre que você precisar de mim. O que eu tenho que fazer para vê-la feliz?

— Apenas continue me abraçando.

O cavaleiro de ouro aperta a sacerdotisa mais forte contra seu peito. E seu coração dispara quando ele ouve Linna dizer: — Eu te amo.

Enquanto isso, o cavaleiro de Aquário descia as escadarias para visitar sua irmã. Ele nunca imaginaria o que encontraria em Áries.

Mu a abraçou profundamente. Após alguns segundos em que Linna chorava nos braços do ariano, ela ergue seu rosto e limpa suas lágrimas:

—Me perdoe, eu molhei sua blusa — disse a sacerdotisa.

—Não tem importância alguma.

—Mu, eu gostaria de pensar um pouco. Eu acho melhor eu ir para a minha casa agora.

—Como quiser. Apenas prometa que volte se você precisar.

—Sim, eu lhe prometo.

—Durma bem.

—Você também Mu.

Assim Linna sai da casa de Áries e parte novamente para sua casa. Se ela não tivesse feito isso, teria cedido ao cavaleiro de cabelos púrpura, eles provavelmente teriam se beijado novamente. Ela pensava:

—Eu devo resolver o que fazer da minha vida. Não posso beijar um homem que nem sei se será meu.

Camus então, que havia visto Mu abraçar sua irmã entra na casa de Áries.

—Mu, acho que você quer falar alguma coisa para mim, não quer? — disse o aquariano com um rosto sério para Mu.

—Eu realmente não tenho por que esconder nada de ninguém. Eu amo a sua irmã.

Camus olha para o ariano como se já imaginasse que ele diria isso.

—E o que ela sente por você?

—Ela disse que também me ama, mas precisa de um tempo para pensar.

—Vocês têm mantido encontros às escondidas?

—Não. Foi a segunda vez.

—Segunda vez?

—Eu e Linna nos encontramos em um lago, porém eu não planejava o que aconteceu.

—O que houve no lago?

—Eu a beijei.

—Você tem algo mais para me dizer?

—Não.

Kiki presenciara o fim deste diálogo, resolve então ajudar seu mestre:

—A culpa foi minha!

—Kiki? — se espanta o ariano.

—Fui eu que chamei a Linna para ir ao lago e também fui eu que disse para ela vir aqui hoje à noite.

—E por que fez isso? — perguntou Camus

—Por que eu sei que a irmãzinha e o mestre Mu se gostam, mas eles não fazem nada! Eu gostaria que eles se entendessem...

—Não tenho mais nada para perguntar a vocês dois — disse o aquariano saindo para encontrar sua irmã, deixando Mu e Kiki sozinhos em Áries.

Kiki olha para o chão com cara de culpado, Mu permanecia de costas para ele.

—Mu – sama... Me perdoe pelo que eu fiz.

Mu não fez menção de se virar.

—Mu – sama... Eu estava querendo ajudar vocês, eu sabia que vocês se gostavam, mas nem o senhor e nem ela faziam nada.

Mu então diz:

—Kiki, simplesmente não foi certo o que você fez. Não se devem acelerar os acontecimentos. Agora, Linna arranjou problemas com Camus.

— Me desculpe Mu – sama.

—Você pedirá desculpas a Linna também.

—Sim.

—Mas faça isso amanhã, agora Camus deve ter ido falar com ela, os fatos não devem ser agravados ainda mais.

—Sim senhor.

Linna fechava a porta de sua casa, mal sabia ela que em menos de cinco minutos teria que abri-la novamente e para seu irmão.

— Acho que devo pedir conselhos à Athena — ela dizia — eu sou sua sacerdotisa e devo conversar com ela primeiro.

Foi então que ela ouviu alguém bater em sua porta. Ela abriu.

—Nisan! Que bom lhe ver. Entre.

Ele entra sem nem ao menos cumprimentá-la.

—Nisan? Algum problema? — ela pergunta.

—O que você sente por Mu de Áries?

—O que...?

—Eu quero saber o que você sente por Mu de Áries.

—Por que você está me perguntando isso?

—Eu vi vocês dois juntos agora a pouco. Eu conversei com Mu.

—O que ele disse?

—Linna, apenas responda. O que você sente por ele?

—Eu o amo. Eu gostaria de ter lhe contado, mas nem eu mesma sabia direito, e eu ainda estou confusa. Tudo por causa de uma profecia...

—De que profecia você fala?

—É dito que assim que os olhos de um cavaleiro de ouro e os da sacerdotisa de Athena se encontrarem eles se apaixonarão eternamente. Quando eu descobri isso anos atrás, eu fugi do santuário.

—Por isso que você fugiu...

—Sim. Eu não queria encontrar cavaleiro algum! Logo você e Shaka poderiam se tornar cavaleiros de ouro, eu tive medo de tudo. Eu não queria ser a responsável por mudar o destino de vocês ou de qualquer outro cavaleiro.

—Linna...

—Foi então que eu acabei voltando, eu mesma ainda não sei direito como! Mas eu sei que estou aqui e foi Mu que me encontrou.

— Entendo...

—Eu tenho medo de sentirmos o que sentimos um pelo outro apenas por causa dessa profecia. Não seria certo.

—Você realmente se importa com esse motivo?

—É claro que sim! Você acha certo que eu...

—Ele não pareceu se importar. Eu acho que o que você precisa agora é ficar sozinha, para se encontrar com seus pensamentos. Amanhã nos veremos. Pense bem — disse Camus caminhando até a porta — boa noite.

—Boa noite — respondeu Linna.

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:)

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